Igrejinha, por Miguel Russell

Igrejinha é uma daquelas cidades-joia que a colonização germânica no sul do Brasil é pródiga em oferecer. Arquitetura ao estilo enxaimel, festas que enaltecem as tradições tipicamente alemãs, organização e atenção aos detalhes, e até uma língua regional, o Riograndenser Hunsrückisch, todos típicos do forte espírito comunitário germânico. Mas o que, além disso, Igrejinha pode oferecer ao turista menos informado?

Para começo de conversa, uma história dramática. A pouco mais de 80km de Porto Alegre, a cidade no nordeste do Rio Grande do Sul foi cenário, no século XIX, de um conflito sangrento entre os imigrantes e índios caigangues, estes completamente exterminados. O ápice do entrevero foi a infame Tragédia de Waterpull, na qual os índios mataram os homens da família e sequestraram as mulheres, e o qual só terminou com intervenção direta do Exército Imperial Brasileiro. O tipo de história de genocídio indígena que estamos acostumados a ouvir na história norte-americana, mas não na nossa.

Além disso, há turismo de compras: a partir de 1930, a cidade tornou-se polo de indústrias de calçados e manufaturados de couro. Hoje a cidade é uma das poucas no Brasil em que a atividade industrial ocupa mais de 50% da composição econômica.

Prefere algo mais divertido? Como disse, há festas, e diversas. Temos cá nossa própria Oktoberfest, que conta com grande adesão da comunidade: mais de 10% da população trabalha voluntariamente. A cidade, com menos de 40 mil habitantes, chega a receber 200 mil turistas. Toda a arrecadação com as festas é revertida para entidades filantrópicas e públicas.

Para os ecoturistas, o parque privado Ecoland oferece lagos, mata nativa e animais silvestres. Entre as atrações naturais mais famosas estão as Cascatas de Solitária, dos Italianos, e os Morros Alto da Pedra e dos Alpes. Apesar de a área urbana situar-se a apenas 18m do nível do mar, o Morro dos Alpes, cume máximo do Município, alcança 773m e é ponto de asa-delta e parapente.

Igrejinha. Vemo-nos em breve.

Prost!

Miguel Russell