A temática noir começou na literatura policial do começo do século XX, influenciados por escritores mais antigos como Edgar Allan Poe com suas histórias do investigador Auguste Dupin e o próprio Arthur Conan Doyle com o consagrado Sherlock Holmes, mesmo que esses exemplos não façam parte do gênero, foram importantes para definir alguns dos principais clichês.
Esses clichês são o que acabam por definir a temática da própria palavra “noir”: palavra francesa para “preto” ou “escuro” que referencia o lado mais pesado e sólido que as histórias vinham retratar. Os personagem andam na linha entre o certo e o errado, muitas vezes se confundindo entre o herói e o vilão. Trazendo para as nossas definições atuais é possível dizer que só existem “anti-heróis” no universo noir. É muito comum, por exemplo, que o personagem principal seja alguém com diversos defeitos apontáveis: viciados em geral, assassinos reajustados, ex-criminosos, ex-corruptos que se safaram, paranóicos, pessoas safas e que – em sua maioria – não acreditam no sistema ou na justiça do meio onde estão inseridos. Os discursos apresentados são muito niilistas, como podemos notar. Muitas vezes as produções são acompanhadas por narrações dos personagens, recurso usado para mostrar o que os personagens pensam sobre o que está ocorrendo.
Passando pelos personagens que ajudam a moldar esse estilo, temos o investigador (sendo na maioria das vezes um detetive policial, detetive privado ou um jornalista); a “Femme Fatale” atua como personagem feminina que usa de sua sensualidade para conseguir o que precisa (muito comum ela no fim ficar com todo o prêmio ao fim da história sem que os outros personagens descubram). O bode expiatório costuma aparecer também: se no começo da história algum personagem tiver um moralismo exacerbado e se mostrar muito “bom”, as chances dele morrer prematuramente para motivar uma boa ação do personagem principal são muito altas.
O mais comum é que as histórias sejam ambientadas no meio urbano: um pouco sujo, a pobreza e a corrupção dos meios são sempre perceptíveis, mesmo que não se passe na década de 1930 a base de inspiração, é o período pós depressão de 1929. “Esperança” é algo que as pessoas não tinham. É possível que o argumento que justifica os personagens apresentados anteriormente seja esse ambiente. Um detetive – para fazer o “certo” – precisava ter um informante criminoso, para seguir em suas investigações. Precisava beber no mesmo bar em que os criminosos bebiam (basta pensar que mesmo a bebida era proibida nessa época).
A definição do que é o cinema noir acabou surgindo anos depois das primeiras produções, tendo em vista que quem produzia o estilo em primeira instância não tinha esse rótulo. De tal maneira, a consagração do cinema noir ocorreu quando cineastas inspirados nos clássicos trouxeram a temática de volta. Citanto primeiro os clássicos, temos exemplos como “O Falcão Montês”, “A Marca da Maldade” de Orson Welles e “Anjos de Cara Suja”. Apontando exemplos mais conhecidos – daqueles que se inspiraram nos clássicos – temos “Caminhos Perigosos” e “Taxi Driver” de Martin Scorsese, “LA Confidential”, “Killing Joe” e (mesmo se passando num provável futuro) “Blade Runner”, de Ridley Scott.